sexta-feira, junho 07, 2013

Aurora em Redenção





A luz da aurora invadia o quarto, incidindo-se sobre uma jovem, caída ao chão. Os cabelos espalhados, como uma aura, emolduravam o rosto quase adormecido. Sentia a doce sensação de ser invadida pelo sono mais uma vez. O sofrimento de ser tirada de seu paraíso particular mais uma vez seria vencido; já não importava se ela era um anjo, cujas asas foram cortadas. Porém, a dúvida voltava a invadir sua mente: deveria resistir à tentação, como o bom anjo que fora um dia?

Oh, não, minha pequena criança, aproveite o momento. Sempre quis fazer isso sem culpa, não é mesmo? Pois então, o faça! Preste atenção em todo o campo florido à sua volta, no céu azul, no canto dos pássaros que lhe enche os ouvidos.

Faça isso, menina, faça o que quiser. Viva na luz do Sol, nade no mais azul dos oceanos, respire o mais puro dos ares.

Então, antes que caia a noite, com sua melancolia e solidão, volte para sua realidade. Se lamente, como faz todos os dias, chore cada lágrima que seu corpo é capaz de suportar enquanto se torna mais forte a cada batalha perdida. Mas não aja como sempre, não pense em desistir. Já deveria estar acostumada, de qualquer forma. É sempre assim. Não tenha pena do que é desumano, não se martirize pelo que não lhe diz culpa.

Adormeça em seu mais profundo sono, não se preocupe com o despertar; o teatro de seu paraíso há muito acabou, mas ainda há seu mundo encantado para lhe salvar.

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