domingo, janeiro 05, 2014

We are young

Give me a second I
I need to get my story straight
My friends are in the bathroom
Getting higher than the empire state




A música ecoava a todo volume na casa lotada. A regra dos anfitriões era clara: não vão para o segundo andar. Mas é claro que não se pode controlar uma casa cheia de adolescentes e sem a supervisão de um adulto.

De todas as festas que já haviam sido dadas naquela casa, aquela estava longe de ser a pior, mas isso não é o mesmo que ser considerada uma festa devidamente controlada, calma e puritana. Acredito, se permitem minha humilde opinião, que qualquer pessoa com o mínimo de senso de limite teria se horrorizado diante de toda a cena. É sempre surpreendente o que adolescentes são capazes de fazer quando em estado de êxtase, e a felicidade era presente em todos os cômodos do sobrado. Ou quase todos.

Ela estava trancada no único quarto não ocupado de toda a casa, grande, decorado com cores claras e uma cama de casal. Provavelmente era o quarto dos pais dos dois jovens que davam a festa naquele exato momento. Ela não fazia ideia de como ambos explicariam o estrago que provavelmente sobraria depois, mas eles encontrariam algo. Pessoas de mente forte são boas fazendo isso, livrando-se bem de situações das quais outras pessoas sairiam arrependidas e envergonhadas.

Ultimamente, Juliet Reed andava pensando bastante nas outras pessoas. O suficiente para que tentasse, uma última vez, fazer amigos, mas sempre fora uma negação para isso. Durante toda a vida, ela nunca conseguiu entender a mentalidade de pessoas da sua idade. Tinha alma de velho, era o que diziam, mas dessa vez havia conseguido manter algumas pessoas próximas por um tempo consideravelmente longo. É óbvio que isso não é o mesmo que se sentir inclusa. Não importa o quanto tentasse, jamais conseguiria se enturmar, fosse entre os jovens ou entre os adultos.

Sabia que não devia ter ido. Agora estava sozinha, mais uma vez. Seus “amigos” deviam estar em algum outro canto do duplex, bebendo, fumando ou fazendo qualquer outra coisa da qual ela nunca se orgulharia de dizer ter participado. Porque, afinal, ela nunca participara. Esteve sozinha naquele quarto por tempo suficiente para revirar todo o cômodo. Era uma suíte bonita, com uma boa visão do jardim. Aquele lugar não era para ela. Talvez só devesse ir embora. Era algo que ela sempre pensara, desde quando podia se lembrar. Afinal, viver era para os felizes, não era? Ela nem mesmo sabia o que era felicidade! Talvez estivesse entre os cigarros fumados pelos presentes na festa, talvez estivesse no fundo das garrafas de bebida. Talvez não estivesse em lugar algum. Talvez estivesse no ar e só pudesse ser sentida pelos que sabiam apreciar os pequenos detalhes, mas ela se sentia tão sufocada…

Abriu a janela, mas não ajudou. O som ecoava longe, agora. Algo sobre ser jovem. Irônico, se fosse considerado quem ela era. Sentou-se no parapeito, e isso tampouco a ajudou a respirar melhor. Mas ela não se importou, pois nunca mais lhe diriam que ela não pertencia àquele lugar, e nunca mais ela se sentiria deslocada. Juliet podia ter a alma de uma pessoa idosa, mas sua aparência era de alguém jovem. E se permanecesse assim, talvez fosse aceita, ou menos estaria presente na memória das pessoas. Seria jovem para sempre. Ela pulou.




So if by the time the bar closes
And you feel like falling down
I'll carry you home tonight

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