A luz da aurora invadia o quarto, incidindo-se sobre uma jovem, caída ao chão. Os cabelos espalhados, como uma aura, emolduravam o rosto quase adormecido. Sentia a doce sensação de ser invadida pelo sono mais uma vez. O sofrimento de ser tirada de seu paraíso particular mais uma vez seria vencido; já não importava se ela era um anjo, cujas asas foram cortadas. Porém, a dúvida voltava a invadir sua mente: deveria resistir à tentação, como o bom anjo que fora um dia?
Oh, não, minha pequena criança, aproveite o momento. Sempre quis fazer isso sem culpa, não é mesmo? Pois então, o faça! Preste atenção em todo o campo florido à sua volta, no céu azul, no canto dos pássaros que lhe enche os ouvidos.
Faça isso, menina, faça o que quiser. Viva na luz do Sol, nade no mais azul dos oceanos, respire o mais puro dos ares.
Então, antes que caia a noite, com sua melancolia e solidão, volte para sua realidade. Se lamente, como faz todos os dias, chore cada lágrima que seu corpo é capaz de suportar enquanto se torna mais forte a cada batalha perdida. Mas não aja como sempre, não pense em desistir. Já deveria estar acostumada, de qualquer forma. É sempre assim. Não tenha pena do que é desumano, não se martirize pelo que não lhe diz culpa.
Adormeça em seu mais profundo sono, não se preocupe com o despertar; o teatro de seu paraíso há muito acabou, mas ainda há seu mundo encantado para lhe salvar.

Não gosto de me expor. Essa sou eu. Gosto da discrição, do silêncio da noite, e da ausência de pessoas. Apenas da ausência, não da solidão. Porque é nesses momentos que eu sinto a estranha necessidade de conversar com os que estão ao meu redor, e me exponho. Isso me faz rever meus próprios conceitos. No fim, chego a conclusão de que não vale a pena pensar no que nos forma. A metamorfose humana é contínua. Gosto de me expor, essa sou eu, e essa é minha realidade.

Não deveria, mas me identifiquei, vdd.
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